O esporte itaguaiense para o mandato 2013-2016 (Escrito por Silvestre Cirilo)

Escolhido o nosso próximo prefeito no último pleito eleitoral, em outubro último, temos noção, de acordo com o plano de governo com o que pode acontecer administrativamente na cidade nos próximos quatro anos. Como relatado no último post sobre esporte, no mês de novembro, o esporte da cidade permaneceu estagnado por, pelo menos, 20 anos, salvo raríssimas tentativas de evolução nesse período.

Em todo esse tempo, nunca tivemos a oportunidade de presenciar uma secretaria independente, para podermos avaliar o seu desempenho com “total” autonomia no seu trabalho. Com a pretensa mudança no rumo ideológico da política local, surge uma chama de esperança para que esta área seja revitalizada e ofereça a população os serviços que, ao mínimo, são garantidos pela constituição.

O intuito desse texto é o de analisar os cinco pontos destacados no plano de governo do então candidato Luciano Mota, hoje, prefeito eleito da cidade. Segue-se a análise:

4.1- Construção de quadra polivalente e recuperação de outras.

Na verdade, todas as quadras existentes no município, são polivalentes ou poliesportivas (quando se propõe a oferecer espaço a mais de uma modalidade esportiva). A cidade necessita, na verdade, de um ginásio poliesportivo, sem necessariamente construirmos um elefante branco. Um bom estudo de engenharia, imparcial, pode habilitar o espaço hoje pertencente à Quadra Municipal, no Morro da Igreja, para o surgimento de um ginásio pequeno, mas com as medidas oficiais. Havendo um espaço entre este local e o teatro municipal que, provavelmente, atenderia a demanda de espaço para a revitalização desse tradicional equipamento esportivo da cidade. Em relação aos demais equipamentos esportivos cabem uma análise criteriosa sobre a reforma e a adequação do espaço, visando o atendimento técnico e o conforto dos usuários do espaço.

4.2- Incentivar os esportes em parceria com outros governos para clubes e ligas.

O trabalho em parceria no esporte, como em outras áreas governamentais é crucial. No entanto, o esporte não apresenta uma clara distinção de competências entre os entes governamentais, o que acaba por atropelar e atrapalhar a gestão local quando o trabalho não está bem delineado. O primeiro passo para lembrarmos no futuro que esse governo mudou o setor esportivo local é a implantação de um sistema esportivo local, como preconizado pela legislação federal. Para depois, levantar as entidades esportivas do município. As que conhecemos, só para citar clubes e ligas, ficam restritas à Liga Desportiva de Itaguaí (LDI) e ao Itaguaí Atlético Clube. De certo é isso o que temos. Mas, qual será a real situação de nossas instituições esportivas? É imperativo que haja um censo sobre o esporte local para delinear-se um planejamento para os próximos quatro anos, quando pensarmos no curto prazo. Seria bom ressaltar que, um sistema sólido deveria começar pelas escolas, fazendo um trabalho integrado entre a educação física e o esporte, dando subsídios ao desenvolvimento esportivo local, outrora tão vencedor no Estado.

4.3- Incentivar o esporte nos bairros com acompanhamento de profissionais.

Enquadra-se nesse item, a questão do estabelecimento de sistema local, pois só o incentivo ao esporte é pouco para a alavancagem do setor. Além de criar concursos específicos para o esporte, preparando melhor esses profissionais e ressaltando as diferenças das especificidades da educação física escolar e do esporte. Criar um acompanhamento junto da secretaria de educação, proporcionando um mapeamento desses bairros e da população em potencial presente em cada um desses pontos, medindo o potencial de utilização dos equipamentos esportivos.

4.4- Estender as atividades esportivas aos portadores de necessidades especiais.

Na verdade começar a realizar um trabalho específico nessa área que, provavelmente só conta com o trabalho da APAE e o projeto do Prof. Ivanzinho. Como gestor dessa área, é imperativo que seja alguém com o perfil adequado a especificidade desse segmento.

4.5- Estudar a viabilidade da construção de pistas de caminhada, atletismo e ciclovias.

Esse item ficou extremamente vago. Pista de caminhada e ciclovias são extremamente necessárias, principalmente quando o mote atual dos governos é o meio-ambiente. Concomitante a isso, temos o fato da cidade estar com o trânsito saturado e não ser possível realizar com segurança essas duas atividades. Em relação à pista de atletismo é outro imperativo quando se discursa sobre o desenvolvimento esportivo dessa cidade. Os próximos Jogos Olímpicos ocorrerão no município vizinho, e utilizar tal fato como estímulo, haja vista que a cidade sede não contará com nenhuma pista oficial pública em pouco tempo, por conta da destruição do Célio de Barros.

Se por um lado estamos mergulhados no marasmo por todo esse tempo, com surtos de um trabalho diferenciado ao longo dos últimos 20 anos, a proximidade dos Jogos Olímpicos, e a mudança das cabeças pensantes no governo, ajudam a evidenciar um cenário favorável a mudanças no setor. Basta que sejam colocadas peças competentes, nos lugares certos e, se deem ao trabalho de, ao menos uma vez, escutar o pessoal do setor e inovar. Chegou a hora de profissionalizar o setor e trata-lo como algo importante fora do período eleitoral.

Silvestre Cirilo

Formado em Licenciatura Plena em Educação Física, na UFRRJ com especialização em Gestão da Administração Pública. Mestre em Gestão e Estratégia em Negócios, pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da UFRRJ, com a dissertação versando sobre gestão do esporte. Tem experiência na área esportiva através das prefeituras de Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Itaguaí, seja trabalhando com o desporto educacional ou com os desportos de participação e rendimento, além de efetuar a gestão de conteúdo, planejamento e organização de projetos e eventos. Fez parte da equipe que criou a Secretaria de Esporte e Lazer de Angra dos Reis, em 2008, onde foi o seu primeiro Assessor de Planejamento, e trabalhou como voluntário nos 5º Jogos Mundiais Militares, tendo atuado no Media Press Center (MPC). Doutorando em educação Física pela UGF.